Não é surpresa para nós que maus tratos,
físicos, sexuais é emocionais interferem no desenvolvimento físico e psicológico,
e pode desenvolver problemas psiquiátricos. No entanto existem alguns dados que
não sabemos, por exemplo quais são realmente os problemas, quanto tempo eles
podem perdurar?
Os maus tratos e abusos desenvolvem mecanismos
de defesas, que perduravam pela vida adulta, e que muitas vezes se não tratado
podem ser causadores de fracasso na idade adulta, ou que acabavam por manter a
pessoa presa a condição de “vítima ferida” para sempre.
Ainda no início dos anos 90, acreditavam-se
que os problemas eram facilmente tratáveis, apenas com terapia, normalmente uma
terapia considerada “reprogramação”, onde pensavam que conseguiriam esquecer o
que havia se passado.
No entanto, o abuso infantil ocorre em um
período de formação do cérebro, é onde o cérebro está sendo esculpido pela experiência
da criança, é o impacto causado pelo abuso, traz um efeito negativo em moléculas
cerebrais, que alteram o cérebro, muitas vezes de forma definitiva.
Segundo pesquisadores de Harvard, o
hemisfério esquerdo de pessoas vítimas de violência e abusos, se desenvolvem
menos, em comparação a crianças que não sofreram nenhum tipo de
abuso; em 2001, Martin Driessen, do Gilead Hospital, em Bielefeld, Alemanha, observaram
que mulheres com histórico de maus tratos e abusos na infância, que
desenvolveram personalidade limítrofe, e obtiveram uma diminuição de 16% no
tamanho do Hipocampo, é de 8% no tamanho da amígdala, em comparação com
mulheres que nada sofreram.
Podemos
observar alguns transtornos, que se desenvolve em pessoas que sofreram abuso na
infância, como Transtorno de Personalidade, Transtorno de Estresse Pós-traumático,
Transtornos Alimentares, Síndrome do Pânico, Depressão, Ansiedade e muitos
outros.
No
Brasil, dados mostram que apenas no Estado de Sergipe, entre os anos de 2009 e
2017, foram notificados 3887 casos de abuso infantil, desses 3887 casos, 1890 são abuso de cunho sexual, 941
são casos de negligencia, e 814 são violência física.
Sabemos também que apenas metade dos casos são
notificado; que mais da metade dos abusos são intrafamiliares, ou seja, infringidos
a criança por algum parente; que desses casos intrafamiliares cerca de 60%
acontecem através do próprio pai; que 74% das crianças que sofrem abuso sexual
são meninas.
Muitos dos casos, os pais não percebem o que
está acontecendo com a criança, e por isso os abusos perduram por uma maior
quantidade de tempo, e quanto maior o tempo que essa criança passa sofrendo,
maior os danos psicológicos causados.
É
importante salientar que não só os pais, mas todos nós devemos observar as
crianças e adolescente, professores, parentes, amigos, é importante observar também
qualquer alteração de comportamento incluindo
medo, choro, comportamento sexualizado e enurese, pois estas alterações
podem mostrar o sofrimento.
Saliento ainda que, casos de abuso, seja ele
negligencia, abuso sexual, abuso físico, todos eles devem ser tratados, de preferência
com uma equipe multiprofissional, com médicos e psicólogos, para que os efeitos
sejam minimizados, tanto criança quanto a família deve estar em processo de
terapia, pois assim não trataram a criança como uma “eterna vítima”, o que só
traria um maior prejuízo para esta.